sexta-feira, 29 de julho de 2011

CAMUS, KADAFI E A DITADURA DAS DROGAS


Conheci o Homem Revoltado de Albert Camus por intermédio de uma amiga. Ao me aproximar de Camus pude entender o sentimento que move a população que suporta a repressão das forças armadas conduzidas pelo general Muammar Kadafi, que comanda a Líbia desde 1969. Depois de quatro décadas, os libaneses resolveram dizer “não”. Provavelmente mais de mil pessoas já foram mortas na repressão desencadeada aos protestos contra o governo centralizado de Kadafi. Essa revolta é a contraposição à ordem ditatorial que oprimiu além do que se poderia admitir.

O protesto líbio nasceu do espetáculo da opressão propagada pelo governo Kadafi ao longo de 40 anos de regime centralizado. Por meio da identificação com o martírio do outro, os libaneses se insurgiram e, com a própria vida, querem a liberdade. Trata-se do escravo que passou a contestar o senhor e agora quer se libertar das amarras protestando e contestando o estado de escravidão.

Em pleno século 21, resguardadas as proporções, nos parece que a liberdade ainda não chegou a determinadas esferas de poder, parece que alguns governantes – como Kadafi – não percebem a tomada de consciência do ser humano.

Assim, podemos deduzir que essa revolta é o ato de uma população informada que tem consciência de seus direitos. Pelo menos é o que se presume. Pode ser que sim. Pode ser que não. Todavia o que vale ressaltar é a coragem libanesa no enfrentamento ao governo centralizador. Para minimizar o problema, Kadafi culpou a juventude libanesa, a imprensa internacional, o terrorismo islâmico e os Estados Unidos pelo caos no país. Para ele, a imagem da Líbia está sendo "distorcida" perante o mundo.

Enquanto os libanenes pagam a liberdade com a vida, no Piauí a ditadura das drogas se aproxima do fim. Assim, como na Líbia devemos nos unir para enfrentar um problema que destrói as famílias e o Estado. Como Albert Camus, devemos nos indignar diante do espetáculo da (des)razão das drogas e da condição injusta e incompreensível que um dependente químico e sua família são submetidos pelo vício em crack ou quaisquer outros tipos de drogas. No Piauí, a população deve tomar consciência sobre o enfrentamento das drogas.

Assim como o Homem Revoltado de Albert Camus, esse movimento de indignação contra as drogas não quer dizer um movimento egoísta, mas as suas determinações devem ser egoístas porque toda família é uma provável vítima do consumo de drogas, pois o vício não escolhe classe social nem discrimina credo nem cor e tampouco sexo.

A indignação contra as drogas é um passo para a libertação contra as amarras do vício que atingem milhares de pessoas no Piauí. Trata-se de sair da estagnação e discutir o problema enfrentando-o de frente sem falsos moralismos ou pudores pueris diante da gravidade do problema da dependência química. Assim como o Homem Revoltado de Albert Camus, em pleno século 21, a indignação contra as drogas trata-se de um ato de pessoas informadas que tem consciência do direito de viver uma sociedade livre das consequências das drogas.

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