sexta-feira, 29 de julho de 2011

ELUCUBRAÇÕES NA TERRA DE DOM QUIXOTE CONTEMPORÂNEO - parte 1


Depois de um prolongado silencio obsequioso o qual posso nomear de filosofia do bambu, resolvi aproximar-me da superfície. Nesse caminho de retorno de um exílio em abstrato pude perceber e notar as significativas mudanças que as circunvizinhanças adquiriram. Notei as modificações, mas não as consigo perceber pelo simples fato que estas alterações se limitaram a mudanças... numa expressão mais chula, apenas uma dança das cadeiras num carrossel destinado a permanecer no lugar da mesmice... Não aconteceram as transformações que penosamente causam dor e (re)criam a criatura humana...

Notei que as pessoas se deleitam com a mesmice e com os mesmos e piegas defeitos que em nada acrescentam à evolução da espécie. Ao contrário fazem com que os mesmos velhos problemas ganhem relevância enquanto as soluções ficam esquecidas em algum canto dessa involução humana.

No caminho de retorno pude perceber quão aproxima o estudo, o raciocínio e a reflexão e quão distante nos deixa de pessoas e lugares comuns. Pude observar quantas respostas simples são trocadas por moedas complexas que em nada resolvem os problemas de ordem moral que assolam essa existência mediana e mundana.

Pode até ser uma triste constatação eivada de decepção, todavia, até que me provem em contrário, padeço por, no retorno à superfície, observar a preguiça intelectual que assola as academias que simplesmente reproduzem o mesmo conhecimento ao longo do tempo. O mesmo conhecimento o qual não é submetido a revisões e a constantes análises epistemológicas que, indubitavelmente, conduzem ao raciocínio e a reflexão acerca do mundo considerado numa visão maro e não sob os auspícios de uma ciência especializada e sem relação com o todo.

Peço desculpas pela acidez e abstratismo dos primeiros parágrafos, entretanto, servem para destilar a azedia e as mazelas no intuito de mitigar a mediocridade que permeia as relações humanas. Até que me provem em contrário, as relações interpessoais contemporâneas estão pautadas na fragilidade efêmera dos interesses materiais e na indiscutível vaidade e soberba de destacar-se profissionalmente mesmo que enlevando a morbidade moral e a morbidez ética. Tristes relacionamentos que não resistem mais do que alguns momentos fulgazes, enquanto a solidez do conhecimento e da amizade pautada na descoberta e solução de problemas é relegada ao córrego do suave e amargo esquecimento... esquecimento de que somos humanos e limitados enquanto espécie, mas de ideias duradouras que devem ser lidas e relidas, vistas e adaptadas aos avanços e as necessidades sociais.

Depois de purificar minh’alma descrevendo o que senti devo dizer que esse silêncio obsequioso imposto a mim é consequência da inquietação em não parar satisfeito diante da ditadura da ignorância. Então, como à época o silêncio era a melhor alternativa, simplesmente calei. Todavia, de posse de instrumentos tecnológicos que permitem meu grito mudo ecoar no horizonte virtual, porque simplesmente calar se posso escrever e materializar minha expressa impressão sobre esse mundo herculeamente dinâmico que cabe na palma da minha mão e está limitado à conexão de um computador?

Diante disso e dentre muitas debacles sociais que ganharam vultuosidade e expressão social, no caminho de ida surgiu diante de mim, um problema: a relação do homem e o uso de substâncias psicoativas.

A partir de agora convido cada possível e suposto leitor virtual a acompanhar essa linha de raciocínio que se aproxima da reflexão, da análise e da inquietação...

Advirto: Pensar é uma tarefa imponderavelmente árdua que conduz a respostas demasiadamente simples e soluções práticas que requerem tão somente o desejo de transformar esse mundo em um lugar bem melhor para se viver com o menor uso possível de substâncias psicoativas.

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