terça-feira, 21 de junho de 2011

Quem cheira cocaína é responsável pelo tráfico. Quem compra carro é responsável pelos engarrafamentos. Quem deposita dinheiro em banco é responsável pela riqueza dos banqueiros. É assim?

A mídia brasileira  apresenta  as drogas ilícitas quase sempre através de números. Números relacionados com toneladas de maconha e cocaína apreendidas regularmente pela polícia. Mais recentemente a mídia passou a referir-se à quantidade de pedras de crack encontradas com este ou aquele traficante ou usuário-quase-traficante. Quando não é assim, mostra em reportagens pseudoinformativas, excluídos, miseráveis, moradores de rua, pessoas fracassadas na dura experiência de viver em sociedade, e suas relações com as drogas, como se isto fosse o banal, o comum, quando na verdade é a excessão ou, ainda,  como se o consumo de drogas ilícitas fosse um destino inelutável  estampado em abomináveis  outdoors e busdoors em Salvador, onde se via pés de mortos e se podia ler:  "Crack:  é cadeia ou caixão", felizmente  retiradas   dos nossos olhos pela força do bom senso de muitos baianos. O sofrimento é  condição fundamental da existência  humana, o fracasso na vida em sociedade, não. Agora, mais recentemente,  a mídia passou a sugerir que a responsabilidade pelo tráfico é do consumidor: "sem consumidor o tráfico não se sustenta" ou, como sugeriu a Revista Isto É em dezembro de 2010: "Consumo:  a parte mais difícil da luta contra as drogas", além de atribuir aos consumidores de cocaína e maconha em baladas  e o uso de entorpecentes nas praias e nos mais diversos lugares, a responsabilidade pela força econômica do tráfico.  É inacreditável como na maioria dos textos em nossos jornais e revista não se faz a necessária distinção entre os consumidores e os modos de consumo, nem se indica as diferentes possibilidades das substâncias, quer quanto  a capacidade de produzir dependência, quer quanto a capacidade de produzir morte por intoxicação aguda (overdose). Aliás,  já é tempo das pessoas saberem que nem toda droga é entorpecente. Entorpecente, é aquilo que entorpece, produz sono, seda. O melhor exemplo entre nós é a morfina; a cocaína é um estimulante, o oposto da morfina,  assim como o é a anfetamina, todas com grande possibilidade química de produzir morte por parada cárdio-respiratória ou  psicoses e hipertensão.  Lembrar que o crack e o oxi  são a mesma coisa: cocaína impura, básica, associada a produtos  danosos  à saúde física,  como carbonatos,  e supostamente portadores de resíduos de  gasolina ou querosene, sem qualquer comprovação.    A maconha, por sua vez,  é um sedativo com alguma capacidade de produzir transtornos psíquicos relacionados com a concentração de seu princípio ativo o THC (tetrahidrocanabinol), sem qualquer possibilidade de causar morte por intoxicação aguda. Contudo, há indícios de risco relacionado à condução de veículos sob efeito deste produto, tanto quanto alguma  perda da motivação, sobretudo entre usuários de longo curso. Entretanto, este efeito é uma possibilidade, nunca uma determinação e está relacionada ao patrimônio biológico e psíquico de cada um e às  vicissitudes do meio (sócio-cultural)  no qual usuário e substâncias se encontram,  devendo-se considerar, ainda, o estado geral de saúde,  estado nutricional,  e os muitos estados emocionais.  Destas circunstâncias e da ordem subjetiva construída a partir da história de cada um, resulta o imponderável-do-ser-humano,   significado pelo desejo.
Dizer apenas que alguém é "toxicômano" sem uma contextualização "bio-psico-social",  não deveria ter qualquer valor porque não faz sentido, tanto quanto não faz sentido designar todas as substâncias como  entorpecentes. Creio que estes conhecimentos aliados a uma condição não  pré-conceituosa são fundamentais para a informação.
Talvez, se nossa mídia se (in)formasse melhor poderia ter a coragem de escrever à semelhança do Presidente Fernando Henrique Cardoso, referindo-se à maconha: "antes eu não tinha conhecimento, agora estou melhor informado e por isso reconheço o fracasso da guerra às drogas",  e pedisse desculpas pelo ignorância que ajudou e ajuda a perpetuar .

FONTE: http://conversandocomnery.wordpress.com/

sexta-feira, 10 de junho de 2011

QUEM TEM MEDO DA LEGALIZAÇÃO?

Recentemente, fui entrevistado por duas jovens estudantes do ensino médio de um bom colégio de Salvador. Elas achavam difícil conseguir espaço em minha agenda e por isso recorreram a Patrícia Flach, minha ex-aluna na Faculdade Ruy Barbosa e agora colaboradora das mais atuantes e competentes no CETAD/UFBA. Patrícia é a mãe de uma das duas interessadíssimas estudantes. Entrevista marcada, recebi-as cordialmente tentando reduzir ao máximo a distância que vai de um homem que começa a envelhecer (tenho 66 anos) e duas mocinhas de 16 anos. Celulares postos sobre a mesa, seguiram uma lista de muitas perguntas cuidadosamente elaboradas, como pude constatar. Estavam muito sérias, quase cerimoniosas, dirigindo-se a mim por senhor. Respondi a todas as perguntas sem qualquer pressa; não escolhi palavras fáceis, nem frases “para jovens”. Respondi o que tinha de responder, dentro de minha experiência e do conhecimento que disponho. Não apresentei verdades concluídas, mas minha visão sobre adolescência, violência, tratamento e aspectos legais relacionados com as substâncias psicoativas. No final, feitos os agradecimentos de um lado e outro, pediram para me fotografar. Isto sempre me espanta, mas tento encarar numa boa.
Alguns dias depois da entrevista, Patrícia me informou que “as meninas” estavam irritadas em razão de corte, promovido por professora, a tudo que se referia a minha posição favorável à legalização da produção e comércio das substâncias psicoativas ilícitas. Patrícia estava muito zangada, diga-se de passagem, decidida a escrever uma carta “enquanto mãe”, endereçada à escola.
Deste modo, recebi de Patrícia o e-mail que transcrevo abaixo junto aos comentários que fiz em resposta. Compartilho com todos, esta pequena troca de correspondências, rica em significados e de possibilidades para dialogar, porque importante é poder conversar, discutir, ouvir e ser ouvido. Muitas são as verdades, como muitos são os caminhos.
Eis os textos:
Sou Patrícia, mãe de Paula von Flach. Venho acompanhando otrabalho desenvolvido por Paula e suas colegas com o tema “Meninos do Brasil”, considerando muito pertinente a proposta no sentido do desenvolvimento de uma postura mais crítica e baseada em informações não midiáticas. Nesse sentido, não posso deixar de manifestar minha decepção e, de certa forma, indignação com a forma como a entrevista do Dr. Nery vem sendo desrespeitosamente cortada. Sei que é um tema polêmico, assim como o aborto, eutanásia, extermínio de menores e tantos outros, mas  considero que exatamente por isso é necessário abrir espaços de discussão, com acesso a informações técnicas, que permita  aos alunos se posicionarem criticamente. Poderia citar uma série de revistas e jornais sérios, a exemplo do jornal francês Le Monde, Folha de São Paulo, dentre outros, além de pessoas públicas como três ex-presidentes – dentre eles Fernando Henrique Cardoso -, que discutem o tema da legalização das drogas. O profissional entrevistado, Dr. Antonio Nery Filho, é uma pessoa com notório saber sobre a temática, reconhecido internacionalmente, professor de ética da FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA – UFBA e de Bioética na FACULDADE RUY BARBOSA, ex-conselheiro do CREMEB, criador e coordenador do CETAD, Centro reconhecido internacionalmente e que atualmente tem suas práticas reconhecidas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas que, inclusive, financiam a implementação dessas estratégias em todo o Brasil, com a coordenação desse Centro. O Estado da Bahia e o Município de Salvador também têm uma parceria com o CETAD, que propõe e implementa suas atuais políticas sobre drogas. Poderia preencher toda essa e várias outras  folhas com informações que ratificam a competência desse profissional sobre o tema sobre o qual foi entrevistado, mas é absolutamente desnecessário… podem acessar seu currículo Lattes.  Tudo isso para dizer que a censura das suas palavras é um desrespeito a ele e aos alunos dessa escola que não são cegos e surdos a uma questão que é tema principal da agenda dos atuais candidatos à presidência e que têm o direito de discutir o tema, concordar ou discordar.
Importante salientar que a defesa da legalização das drogas não é de forma alguma uma apologia ao seu uso, pelo contrário, é uma proposta de regulação pelo Estado de uma
questão  que hoje é regulada por traficantes.

Atenciosamente,
Patricia von Flach


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Patrícia,
Obrigado por suas considerações. Quando recebo jovens estudantes, peso muito o que digo e sou responsável pelo que digo. Assumo riscos, mas não transijo nem considero nossos filhos incapazes de identificar o certo e o errado quando lhes damos as informações necessárias. Aliás, este é um problema: nossos filhos e filhas vivem sem um norte claro, sem a possibilidade de reconhecer a verdade, porque, sobre muitas questões, quase sempre só lhes é dado conhecer a mentira. Sei que a legalização das drogas ilícitas é um tema que incomoda à sociedade brasileira, acostumada aos enganos e superficialidades constantemente apresentados pela grande mídia, atualmente voltada para um gozo incessante e oportunista em torno do crack. Não há como negar a relação entre tráfico e violência num comércio sem fronteiras nem limites. Creio que só a intervenção do Estado colocará um basta neste monstruoso ganho que devora vidas. Se o tráfico (ilegalidade) desaparecer, nos restarão as questões de saúde e as dificuldades próprias aos humanos. Certamente o consumo não desaparecerá, talvez nem diminua; num cenário pessimista, o consumo pode até aumentar; mesmo assim teremos um problema com o qual sabemos e podemos lidar. Retirar a possibilidade de nossos jovens poderem discutir estes aspectos, francamente, é uma droga!
Grande abraço,
Nery


FONTE: http://conversandocomnery.wordpress.com/

terça-feira, 7 de junho de 2011

O direito de não usar drogas

Estado de São Paulo
Recentemente, divulgou-se a opinião sobre o futuro da política de drogas no Brasil do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende maior liberdade de uso da maconha. Fernando Henrique disse que um mundo sem drogas é inimaginável, expressando a visão da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia. Ao alegar que a sociedade conviverá sempre com as drogas, defende com uma clara distorção da racionalidade a ideia de que isso deveria tornar os usuários imunes ao sistema criminal. Teríamos uma inovação na área dos direitos humanos, na qual todos nós deveríamos ter o direito de continuar usando drogas ilícitas, independentemente das consequências negativas para o indivíduo e para a sociedade. Por essa visão, seria um abuso dos direitos individuais qualquer constrangimento ao uso de drogas.
No Brasil, a lei que regula o consumo de substâncias (Lei nº 11.343/2006) trouxe mudanças significativas, com menor rigor penal para o usuário. Ainda não se sabe se produziu alguma diminuição do consumo de drogas. Todas as evidências indicam o contrário. Em relação à maconha e à cocaína, somos um dos poucos países do mundo onde o consumo está aumentando. No mínimo, essa nova lei não impediu esse aumento. Estamos com maior liberdade para usar drogas, mas os usuários continuam tão desinformados e desassistidos de tratamento quanto antes.
A defesa do direito ao uso de drogas é uma visão por demais simplista e não leva em consideração a complexidade do uso de substâncias, em particular as modificações que o uso de drogas provoca no sistema nervoso central. Parte-se do princípio de que todos os usuários de drogas teriam plenas capacidades de decidir sobre o seu consumo. Não podemos afirmar que todos os que usam drogas estejam comprometidos quanto ao seu julgamento, mas podemos argumentar que uma parte significativa dos usuários apresenta diminuição de sua capacidade de tomar decisões.
As drogas que produzem dependência alteram a capacidade de escolher quando, quanto e onde usar. É ilusório pensar que um dependente químico tenha total liberdade sobre o seu comportamento e possa decidir plenamente sobre a interrupção do uso. É por isso que os dependentes persistem no comportamento, com grandes prejuízos individuais, para sua família e para a sociedade.
Se, por um lado, a opinião de Fernando Henrique carece de legitimidade com relação aos direitos humanos básicos, pois não existe um direito ao uso de drogas ilícitas, por outro, temos aspectos do debate que não foram mencionados. Por exemplo: existe uma relação entre saúde e direitos humanos. As Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde desenvolveram recentemente o conceito de que todos deveriam ter o direito ao mais alto padrão de saúde possível (right to the highest attainable standard of health). É um conceito relativamente novo, com não mais de dez anos. Afasta-se de declarações vagas sobre saúde e responsabiliza a sociedade e o sistema de saúde pela implementação de políticas que garantam a qualidade dos cuidados.
Recentemente o Estado de São Paulo deu um bom exemplo de garantia do mais alto padrão de saúde possível ao proibir o fumo em todos os ambientes fechados. O que se garantiu nessa nova lei não foi o direito de fumar, mas o direito de a maioria da população ser preservada do dano da fumaça. Mesmo os fumantes têm o seu direito a um mais alto padrão de saúde garantido ao ser estimulado a fumar menos. Esse foi um exemplo de como é possível termos intervenções governamentais que preservem o direito à saúde e ao mesmo tempo sinalizem uma intolerância ao consumo de uma droga que mata um número substancial de cidadãos.
Experiências de sucesso em outros países apontam na direção de combinar estratégias, do setor de Justiça com o setor educacional e de saúde, para que se obtenham melhores resultados. Leis que sejam respeitadas e fiscalizadas tendo como objetivo o bem comum. A Lei Seca, que proíbe o beber e dirigir, identifica o indivíduo e impõe sanções, também pode ser um exemplo, pelo número de vidas salvas até o momento. O fato de se criar uma intolerância com o fumar ou com o beber e dirigir em nenhum momento produziu desrespeito aos cidadãos que fumam ou bebem.
No Brasil não temos uma política de prevenção do uso de drogas. Deixamos os milhões de crianças e adolescentes absolutamente sem nenhum tipo de orientação sobre prevenção do uso de substâncias. Fornecemos muito mais informações sobre o meio ambiente do que com os cuidados de saúde. Temos uma boa política de prevenção ambiental, mas não temos com relação às drogas. Não temos um sistema de tratamento compatível com a magnitude do problema, deixando milhares de usuários completamente desassistidos.
O tema proposto por Fernando Henrique Cardoso é importante, traz a oportunidade de debatermos que tipo de política construir para a próxima geração. Queremos uma sociedade em que o uso de drogas seja um direito adquirido? Ou queremos uma sociedade muito mais ativa, em que o sistema de Justiça funcione em sintonia com os sistemas de saúde e educacional e possamos criar ações baseadas em evidências científicas para diminuir o custo social das drogas?
Talvez um mundo sem drogas jamais exista. Como também não existirá um mundo sem crimes ambientais ou sem violações dos direitos humanos. Isso, no entanto, não é desculpa para descartar o ideal e continuar a lutar pelo objetivo de um mundo melhor. Tolerar as drogas, banalizar o seu consumo não é a melhor opção para uma sociedade que valorize a saúde e os melhores valores de respeito à dignidade humana.
Ronaldo Laranjeira, professor titular de Psiquiatria da Unifesp, é coordenador do Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas (Inpad) do CNPq

Filme Quebrando Tabu

Sinopse
Há 40 anos os EUA levaram o mundo a declarar guerra às drogas, numa cruzada por um mundo livre de drogas. Mas, os danos causados pelas drogas nas pessoas e na sociedade só cresceram. Abusos, informações equivocadas, epidemias, violência e o fortalecimento de redes criminosas são os resultados da guerra perdida numa escala global. Num mosaico costurado por Fernando Henrique Cardoso, Quebrando o Tabu escuta vozes das realidades mais diversas do mundo em busca de soluções, princípios e conclusões. Bill Clinton, Jimmy Carter e ex-chefes de Estado, como Colômbia, México e Suíça, revelam porque mudaram de opinião sobre um assunto que precisa ser discutido e esclarecido. Do aprendizado de pessoas comuns, que tiveram suas vidas marcadas pela Guerra às Drogas, até experiências de Dráuzio Varella, Paulo Coelho e Gael Garcia Bernal, Quebrando Tabu é um convite a discutir um problema com todas as famílias.
O Projeto
Quebrando o Tabu tem como principal objetivo a abertura de um debate sério e bem informado sobre o complexo problema das drogas no Brasil e no mundo. O filme pretende aproximar diversos públicos, entre eles os jovens, os pais, os professores, os médicos e a sociedade como um todo, para que se inicie uma conversa franca que leve a diminuição do preconceito, ajude na prevenção ao uso de drogas e que dissemine informações com base científica sobre o tema.
O âncora do filme é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que aceita o convite do diretor Fernando Grostein Andrade para uma jornada em busca de experiências exitosas em vários lugares do mundo, sempre em diálogo com jovens locais e profissionais que se dedicam a tratar a questão das drogas de forma mais humana e eficaz do que as propostas na “guerra às drogas”, declarada pelos EUA há 40 anos.
Quebrando o Tabu é uma ideia original do cineasta Fernando Grostein Andrade. O projeto teve duração de 2 anos.
Com 58 diárias (31 no Brasil e 27 no exterior), o filme foi gravado em 8 países: Brasil, Estados Unidos, Portugal, Holanda, Colômbia, Suíça, França e Argentina; em cidades como Genebra, Amsterdam, Washington, Los Angeles, São Paulo, Rio de Janeiro, Bogotá, entre outras.
As gravações somaram 400 horas de material bruto e 176 pessoas foram entrevistadas.
Com depoimentos
Fernando Henrique Cardoso, Sociólogo, Presidente do Brasil 1995 – 2002
“Só quem é burro que não muda de opinião diante de fatos novos. Eu não tinha consciência da gravidade e do que significava essa questão, naquela época como tenho hoje.”
Bill Clinton, Presidente dos Estados Unidos (1993 - 2001)
“Pensar nela como uma guerra da sociedade é um pouco enganoso, como se houvesse alguma solução militar. E sabe que tenho experiência com isso, experiência pessoal. Tive um irmão que era viciado em cocaína, então conheço muito sobre isso.”
Jimmy Carter - Presidente dos Estados Unidos (1977 - 1980)
“Há provas claras de descriminação racial nas leis do nosso país que se aplicam à criminalização do uso dos narcóticos.”
Ruth Dreifuss, Presidente da Suíça (1999)
“Quem são os dependentes? Nossas crianças... Pessoas que amamos, pessoas que realmente queremos reabilitar.”
Paulo Coelho, escritor
“Seja aberto, seja honesto . Diga isso: É realmente a droga é fantástica você vai gostar. Mas cuidado. Por que você não vai decidir mais nada. Basta isso. Basta isso.”
Gael Garcia Bernal, ator mexicano
“Hoje em dia, o México é um país que está exilando cidadãos, moldando pessoas pela violência, pela insegurança e tudo está relacionado, de algum modo, ao narcotráfico. Todos os dias aparecem gente decapitada, é quase o pão de cada dia.”
Drauzio Varella, médico voluntário no Carandiru
“É difícil você largar de uma droga da qual você é dependente, isso é considerado uma doença, você não pode por na cadeia uma pessoa que tá doente. No futuro nós vamos olhar pra isso e dizer: “Olha que absurdo que eles faziam no passado, pegavam uma pessoa que usava droga e trancavam na cadeia”.
Ethan Nadelmann, Diretor do Drug Policy Alliance
“Disponibilizar heroína para um viciado em heroína é diferente de dar álcool a um alcoólatra. Quando você já é usuário de heroína há muitos anos a droga já não faz mais tanto efeito. Você toma basicamente para não se sentir mal. É realmente quando você criminaliza e marginaliza os dependentes que suas vidas são impactadas, muito mais do que apenas pela droga em si.”
Gro Brundtland - Ex-Primeira Ministra da Noruega e Diretora Geral da Organização Mundial da Saúde
“Por que não proibir o tabaco? Ponto final. Tornar o produto completamente ilegal. Mas chegamos à conclusão de que isso não seria viável, nem sábio da nossa parte. Precisávamos convencer as pessoas para isso não ficar em todos os lugares. Estávamos “ilegalizando” o uso da droga em diversas circunstâncias sem tornar o produto em si ilegal.”
Ficha Técnica
Spray Filmes, STart e Cultura e Luciano Huck apresentam "Quebrando o Tabu" (74 min)
Com: Fernando Henrique Cardoso, Bill Clinton, Jimmy Carter, Drauzio Varella e Paulo Coelho Direção: Fernando Grostein Andrade
Produzido por: Fernando Menocci, Silvana Tinelli e Luciano Huck Produtor Associado: Gustavo Halbreich Distribuição: Espaço Filmes Argumento: Fernando Henrique Cardoso, Fernando Grostein Andrade e Miguel Darcy Roteiro: Fernando Grostein Andrade, Ilona Szabó, Ricardo Setti, Thomaz Souto Correa, Bruno Módolo, Rodrigo Oliveira e Carolina Kotscho Direção de Fotografia: Fernando Grostein Andrade e Rafael Levy Produção Executiva: Fernando Menocci, Roberto Vitorino e Luiz Ferriani Nogueira Montagem: Jair Peres e Letícia Giffoni Trilha Original: Lucas Lima e Ruben Feffer "Dirty Rainbow", Composta e Interpretada por David Byrne Uma Produção: Spray Filmes e STart Cultura
Trailer do filme
http://www.youtube.com/watch?v=Hz0EWwC-hug
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A guerra perdida contra as drogas

rês ex-presidentes latino-americanos demandam uma nova estratégia para combater o tráfico de drogas e suas consequências de violência e corrupção
ELPais.Com - Internacional - 26-03-2009
Por José Miguel Larraya - Madrid
Durante décadas, a violência na América Latina foi associada a insurreição armada e à repressão militar contra-revolucionária. Hoje, com ex-rebeldes ocupando escritórios do governo, outro fantasma tomou o palco: a violência armada ligada ao tráfico de drogas. A violência que alimenta um negócio multimilionário, o que estende a insegurança e o medo em cidades grandes e pequenas, drenando enormes recursos dos estados.
E o pior: longe de definhar, se multiplica e ameaça a estabilidade dos governos. Três ex-presidentes latino-americanos – Fernando Henrique Cardoso, do Brasil; César Gaviria, da Colômbia e Ernesto Zedillo, do México, certificaram, em um documento abrangente, a derrota das forças da ordem em sua guerra contra as drogas. Isto não significa que tenham levantado a bandeira branca diante do crime organizado. Eles exigem uma nova estratégia política e de polícia, decorrente de um amplo debate social para o qual convocam todas as forças sociais do continente. E expõem os seus dados e argumentos no relatório “Drogas e Democracia: Rumo a uma Mudança de Paradigma”, preparado pela Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, composta por 17 proeminentes personalidades independentes. Eles exigem uma nova abordagem com menos ênfase na repressão e mais em políticas de saúde e educação. E inclui uma recomendação, a descriminalização da posse de maconha – o que por seu apelo midiático pode ofuscar uma reflexão mais profunda.
fonte: http://www.drogasedemocracia.org/
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